sábado, 19 de julho de 2008

Insana

Que permaneça então. Permanentemente por aqui enquanto houver pele e carne em mim pulsando por isso. Que minha coroa seja honrada com o calor e a devoção do meu próprio afeto e prazer por uma ânsia que me estimula e revigora. que a música que toque seja pra sempre tango, e a dança dançada um flamenco, que a cor pra sempre seja vermelho intenso, sangue, e que as papoulas brotem dentro de mim o ano inteiro.. que o desejo continue a me impulsionar fazendo meus sonhos perdurarem até durante os dias esta é a reza que agora quero rezar. Não há preocupação com o fim nem com o inicio, o que foi e o que será se dissolveram em mim. Como as águas do rio que correm, sendo sempre a mesma água, estou sempre estar sendo. Minha mente se entrega desavergonhadamente ao sonho. Imprecisa, instável aprecio a tormenta que sem ela me afogo na imobilidade de mim. Já não rastejo vôo ... já não lamento suspiro... já não choro gargalho... mesmo sem razão. A razão se foi não me espera mais em nenhum lugar, deixei que ficasse me esperando para um encontro que não fui nem irei... sinto muito, quer dizer não sinto ela permanecerá perdida de mim até nunca mais. Que assim seja!!!!!!

quinta-feira, 17 de julho de 2008

A enforcada

Pendurada de cabeça para baixo, suspensa, enforcada sem nenhuma corda no pescoço. Presa pelo peito, pelos fios de cabelo. Como numa armadilha agarrada pelos pés. Ela não sabia como descer, gritava as vezes um grito raivoso e ninguém escutava estava sozinha. O lugar era bonito e até interessante não fosse a situação de imobilidade, ver o mundo de cabeça pra baixo, pra ela que sempre tinha a maioria das coisas no lugar podia ser até divertido. Mas ela não estava achando nenhuma graça. A comida não descia, pelo contrário voltava. A garganta sempre seca e o sangue já fervido em sua cabeça. Ainda bem que era inverno e o sol apesar de brilhante não era tão intenso. A pele queimava muito lentamente dava pra suportar, o pior mesmo eram as mãos. Ela sempre sentira muito frio nas mãos e não conseguia mantê-las mais dentro do bolso da calça, a força da gravidade as puxavam pra baixo, assim como todo o resto do seu corpo. Várias noites já haviam se passado alguns viajantes passavam por ali mas nenhum deles conseguia desatar os nós que a prendiam, tentavam lhe dar algo pra comer , pra beber mas tais iniciativas eram em vão. Estranho era que ela não adoecia, não morria, estava viva, forte talvez um pouco tonta, talvez tivesse perdido parte da lucidez mas isso lhe permitia sonhar. E como sonhava!! A única coisa que conseguia ingerir sem repulsa era a fumaça dos cigarros. Sempre que algum viajante passava, ela lhes pedia para que acendessem um e esse era o tempo em que eles permaneciam ao seu lado segurando delicadamente o cigarro até o final para que ela não se queimasse. Era tudo que podiam fazer. Isso lhe preocupava, pois nenhum dos viajantes carregava cigarros e os dela já estavam quase no fim. O que faria quando eles acabassem?

terça-feira, 8 de julho de 2008

Manhã de sábado


As horas transcorriam numa velocidade de locomotiva, o sol voltara a sua janela e ela nem tinha piscado os olhos. Havia lido Kafka e também Mircea Eliade sobreYoga, assistido a um programa para jovens casais que vão ter filhos, uma comédia romântica barata mas que qualquer casal se regozijaria em ver, ainda mais em fase de amor latente. Para ela não, não a fez dormir, não a fez rir. Parece que só sorriu um pouco quando a personagem feminina entrava em crise porque estava grávida e queria comprar um sexy vestido vermelho da vitrine. Esconderijos femininos!!!!!
Bom talvez fosse fome, talvez uma vontade incontrolável de comer alguém. Ou uma banana. Foi o que fez levantou-se foi até a cozinha, onde havia uma única e já quase velha, ou madura demais, pequena banana prata. Descascou-a com cautela e enquanto olhava pela janela a luz do sol de uma manhã clara de sábado, observou a beleza de um casal que na sua fantasia teria ultrapassado aquela noite um sobre o outro. E que a essa hora com certeza já estavam saciados.
Após a banana sua fome continuava, abriu a geladeira e nada mais lhe apetecia é, para ela, o melhor era sempre ser ela mesma, o prato principal. Não se incomodava muito com as entradas e sobremesas, mas o acompanhamento de um bom vinho, Pinot Noir e Syrah eram sempre muito bem vindos. Mas era dia. E já fazia muito tempo desde seu último banquete. Não vinha sendo servida em nenhum cardápio. Ela já debochava dela mesma. Parecia até que não fazia mais questão. Tinha ganho de presente um pequeno cigarrillo que fumava parcimoniosamente as vezes em que não conseguia dormir, mesmo sabendo que o incremento a manteria muito mais acordada do que antes o fumava sempre... só ou mesmo na companhia de estranhos amigos conhecidos. Pequenas tragadas esporádicas a satisfaziam. Talvez porque ajudasse a matar a fome ou a dor ou a memória, de estar sendo. Olhava inquieta e nostálgica para a pequena sala, ainda mal decorada, inacabada como ela mesma, e relembrava seus últimos dias onde havia gargalhado e feito asneiras. Ser a criança dela era bom, recompensante. Ela não tinha sido criança por muito tempo e agora sempre que possível se permitia sê-lo o que causava uma imensa e eufórica sensação de bem estar.
Sabe o que que é, hein?!
É que eu não tô fazendo questão de ter falta...não tô mais colocando fermento na massa então ela parou de crescer, tá murchando... daqui a pouco vai apodrecer e será jogada fora. Assim como dezenas de outras das quais nem lembro a receita. Daqui a pouco inventarei outra, também saborosa, no início todas são, opa! Todas não, as vezes eu erro a mão logo de cara. Mas isso é mais raro. Podia né? Podia errar a mão logo no início assim economizava, não gastava meus ingredientes. Bom, não vou lamentar, o leite e os ovos utilizados juntamente com cada parte do meu corpo, foram bem gastos. Minha avô dizia - não adianta chorar pelo leite derramado!
A dispensa começa novamente a se encher. Não gosto de ficar com os armários vazios, a geladeira já está repleta de quase tudo que preciso e meu corpo também já quase não se lembra de nada... e com mais alguns dias estarei pronta para inventar outro prato. Não sei ainda por onde começar estou sem inspiração. Por isso talvez ande abrindo tanto a geladeira

sexta-feira, 4 de julho de 2008

as vezes dormentes cruzados




O mundo é território seu! Caminhe nele com fé de que tudo que quiser irá encontrar. Tudo que é seu está no seu caminho, colha tudo o que lhe aprouver que precisar amor saúde riqueza sucesso amizade e toda a alegria que prouver dessa colheita

Você longe... eu deperta


Você longe... eu desperta... não sonha comigo mas eu te convido...
Apareça por aqui!
E de repente toca a campainha – Você ta aí, posso subir?
E enquanto você sobe as escadas eu disparo... teu olhar no meu estatelado eu desentendida - te tinha noutro lugar.. acho que até nem mais queria; te sentia um outro desconhecido e para outro desconhecido também tinha me posto a olhar.
Depois de um todo quase nada, tudo vivido tão vividamente por mim, já estava me sentindo satisfeita... grão de areia migalhas... será? Que sempre só fazem sentido quando agrupados. carregam consigo a forma de ser que só sendo bilhões de vezes em conjunto estabelecem sua existência e sendo assim já me sentia ali naquela hora inconformada mas quem sabe satisfeita. Já? Mas a angústia dormente de uma noite quase completa, quase plena, onde minha mente caminhava por meio de portas de vidro comerciais, enquanto minhas pernas permaneciam bem cruzadas, mesmo sem querer, sob a mesa de madeira coberta por uma fina toalha, personagens vestidos em laranja. Tinha também caminhos dormentes aos meus pés, lembra? Que me carregam, ou quase pra um translúcido lugar onde gostaria de permanecer por algum tempo. E você ?

quarta-feira, 2 de julho de 2008

vem ou não vem?

Então depois de te ver me pergunto? O que realmente sinto?
Não sei... eu mesma respondo.
Quero te ver te ter sem hora pra acabar... você vem ? - não sei . Também não me importa
Menti quando disse que não ia te convidar convidei e ai? Me respondes? - Não sei não, espero.
Respiro grito na tua direção. E se ouvir só o eco da minha grave e profunda voz não me incomodo
Permaneço indo na sua direção.
Estou na contramão?
Tudo bem, persisto, insisto em você.
Por ser a única coisa que me movimenta agora? Não por ser aquilo que escolhi ter
É verdade, você, por incrível que pareça, eu escolhi a dedo. E se não quiser pouco importa! Importo de outros mundos, o lugar onde você vai permanecer... lendo um livro, tomando um chá, ouvindo um Pixinguinha ou Paulinho da viola com ou sem trema . vem ou não vem?

Seguindo as luas

Uma noite fria, de lua nova, que guardava com ela um resquício de vontade. Me arrumei, me flori por dentro e por fora . Sai sem pressa e sem descompasso estava apenas sendo. Olhei a noite a lua e me celebrei. Celebrei o estar comigo. Encontrei amigos gargalhei muito me fiz festa e te encontrei. Você não notou não me olhou não abraçou não falou era como se eu não estivesse ali. Eu observei cada movimento seu discretamente... e o tempo não passava... meu coração não gritou quietou ficou plácido desencantado ? não . só quieto. dessa vez não iria persistir. Não gosta mais de jogos solitários ele anda precisando de respostas. De convites. A conquista não tem mais o mesmo gosto. Deixo você em companhia do seu amor também solitário, também recusado. Quem sabe a sua agora é dor? Daquelas que o meu também já outras vezes sentiu...

vagando por ai

Acho que agora é tempo de ir... devagar
Não de vagar
Seguir
indo
Sem recusar a correnteza
Sem me afogar
Só ir
Sorrindo
Vou tomar um longo banho agora quente deixar a água escorrer e lavar meus pesadelos estou sendo dramática ultimamente não ando tendo pesadelos! Só sonhos cheios de elfos brancos de peito nu sem pêlos lindos e indóceis , que encostam seus corpos ao meu colo também nu e sugam suavemente meus contornos.

décimo volume

Eu estou a cada dia mais envolvida menos resolvida e aflita ...bobagem a cada dia me sinto mais eu mesma repleta plena transbordante as vezes espumante de fúria e espanto com algumas excentricidades mas persisto insisto numa desajeitada forma particular de caminhar. Caminho erguida e me expondo dessa vez sem ressalvas. Exercito até o que desprezo na tentativa de me ser um pouco mais. Venço a resistência de tudo que antes pereceria impossível; jogo fora papéis.coisas .fotos.esqueletos de idéias . creo que no todo esta perdido. E vc faz falta...
Faço? Quando? Quase sempre...-é que eu não sei se quero,desculpe. – Queira mesmo sem saber pq! Ai e esse depois de ter, não mais te querer. Ai pode doer, sangrar, não é. Melhor então pensar em chocolate meio amargo... potes de suspiro.- tanta lágrima y yo soy um pote vazio.

E depois da brincadeira , vc surta , se esconde, ou simplesmente não quer?
Criança maluca! Ouve o sabiá, o bem te vi, ouve meu coração, meu sangue que de tão forte que corre, canta. Sozinho. Me inspiro mesmo assim. Provei teu gosto, teu fel teu mel, e o agridoce da mistura me da fome de mais. - E então vamos seguir ou parar? Com você nunca sei...eu quero seguir sem saber pra onde... não me importa...