domingo, 29 de junho de 2008

saudosismo

Dias, passos em direção ao passado
Capturas de alguns dias murchos outros inflados, meu eu rebelde não se acalanta com mais nada que é memória
está incontido diante do presente que aflora
Essas idas, divagando pelo tempo que está atrás do hoje, trazem a tona uma análise muito peculiar do que eu venho sendo a partir daquilo que projetei ser
Retalhos comprimidos num saquinho de filó, guardados a muito....
Esperando pra serem transformados numa linda colcha colorida de casal
Minha cama continua desarrumada
O lençol sempre amassado depois de noites reviradas grudadas em sonhos só meus
Esses tempos tem sido um retirar dos retalhos de dentro do saquinho. Alguns vão pro lixo outros têm sido lavados pra tirar o cheiro de mofo, alguns outros colocados mais recentemente, estão sendo separados. Também os separo por cores. Quero retirar todos os tons de cinza e bege. Que devem ser queimados, como num ritual, pra afastar definitivamente os velhos quereres. Os vermelhos com verde, roxos e rosas, amarelos de sol e laranjas que quase tem cheiro de tangerina permanecerão, pra me lembrar diariamente enquanto finalmente começo a costurar a tão esperada colcha, que me aqueço sozinha, que é deliciosa a sensação do outro lado da cama ocupado, mas que quando sozinha existe um espaço de expansão em mim que talvez não possa ser quando com outros. Estar com o outro até aqui foi quase sempre um deslocamento do meu olhar somente pra fora. Causando um prazeroso desequilíbrio que estranhamente me afastava de mim. Como se a presença de um estranho mesmo quando amado me aprisionasse, distante do meu próprio coração.

Eu quero que as coisas tenham história!!que os encontros não terminem, que não acabe o tempo, nunca. Onde será que foi parar meu all star roxo de cano alto?
Sumiu! Como muitas coisas daquela época e dessa.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Dormentes



Dor
Dor
Dor
Dorme
Dorme
Dormem mentes
Dormentes
Que despertam sacudidas por sustos
Emocionais na maior parte das vezes
Adormecidos
Entorpecidos
Insensíveis
Em suas próprias casas
casulos estagnados cercados
Com peças de madeira velha amontoadas
Demoram a viver.
Sonham, têm fome, desejo
Mas permanecem dormentes
Anestesiados
E então quando abruptamente enfileiramo-los mesmo contra sua vontade
Começam a construir sentido despidos de autonomia
E falam o que nem queriam falar
Deixando-se dizer pelo símbolo
Pelo ritmo que constroem aleatoriamente